Naqueles tempos a vida vestiu-se de espanto.
Tempos que chegaram sem aviso, como um presente que prometia futuro.
Os dias vividos assim foram de alegria e enorme encontro.
Tudo estava no lugar, tudo simples, tudo digno, a par e passo.
A vida embalada em Amor.
Sem que o espanto se quebrasse, a realidade das coisas que não são essenciais, fez-se notar e plantou no caminho dos dias a confusão e o assombro.
Os medos ocuparam lugar, sem medo.
Instalaram-se como se deles fosse o direito de assim ficarem a perturbar os dias, pintaram-nos de cinzento.
De vez em quando um arco iris deixava-se ver, para lembrar que a Vida continuava a ter cores.
Que o espanto da primeira vez continuava ali, a querer permanecer.
Mas já quase nada havia a fazer, porque a cegueira de um nevoeiro foi mais forte, com a força de uma teimosia, ou de um orgulho que se mascararam de defesa e ocuparam o caminho atancando-o de frente.
Não há treguas, porque não há abertura. Não houve espaço para a ternura de um abraço.
O Espanto ficou suspenso, está ali, continua ali, feito do milagre.
Somos feitos de nós e dos outros.
Somos feitos de nós para a liberdade das escolhas.
Estamos ligados. Em circulos viciados e virtuosos.
Nesta matéria estamos de acordo. Mas é importante regular a acidez. Porque afinal, as melhores soluções são básicas e as piores nunca são neutras.
Formulemos hipóteses, façamos experiências destemidas, tiremos conclusões para a escolha do caminho:
Sais de prata ou entras de ouro?
Bem vindo 2014.
A força de um calendário para a soma de dias novos, pejados de espanto porque só assim vale a pena ver a vida e vivê-la.
Um ano que quero de ouro.
Eu já escolhi e tu?