segunda-feira, 24 de março de 2014

Para que servem os Muros?

Gosto de Lisboa, muito. 
Gosto de encontrar e parar para ler os grafittis, que se declaram em paredes e muros com critério. 
Gosto da ideia de imaginar que alguém se deu ao trabalho de escolher o lugar onde pinta e escreve o que sente.
Gosto da ideia de realizar que alguém leva tinta ou giz e declama paredes fora o que lhe vai na alma. 
Gosto de ideia de apanhar essa boleia e levar comigo o que alguém sentiu. 

Podem ser mensagens sem retorno, anónimas ou assinadas, alegres e desesperadas. 

Que falem de esperança e encontro, que falem de caminhos com curvas. 
Que falem de amor e cerejas,  que falem da importancia de abrirmos os olhos.
Ou que sejam citações famosas em assumido plágio. 
Seja como for e o que for, está escrito e prantado sem contagem dos dias, ali, em paredes e recantos que são de todos nós, e falam sem voz. 
Pinta-se a vida em instantes nas paredes e muros de Lisboa, para quem os quiser apanhar. 
Eu, não lhes resisto, e gosto quase sempre do que me faz parar. 
Assim está Lisboa nos dias que correm, cada vez mais bonita e enfeitada. 
Maquilhada com sentir, em frases que se guardam...









quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O meu casaco de pele de leopardo




Tinha um sonho, vem do meu imaginário, na memória da minha Querida Mãe Guingas na sua época aurea. 
O meu Avô ofereceu-lhe com legitimidade e bom senso um casaco a 3 /4 em pele de leopardo. Lindo. 
Ela usava-o destemidamente com tudo e para tudo nos anos 60 e 70 e 80. 
Lembro-me bem dela com o seu cabelo forte e carinha sempre a rir, vestida neste casaco. 
Ficou. 
Um dia vitima das tendências da moda, pegou no casaco e transformou-o num blusão versão anos 90 com cabedal preto a rematar…. um horror. 

O casaco tal como era ficou para sempre pendurado num cabide da minha memória. 

Este ano, por acaso ou não, vejo o casaco como era o dela, numa loja. 
Perdi-me nele, perdi a cabeça e avanço com o cartão de crédito, decidi: 
Eu ia cumprir o meu sonho, deixar de o ter pendurado num cabide da minha memória. 
Comprei-me um presente de Natal. 
Sem complexos, sem culpas, só porque sim. 

Tive de partilhar com as pessoas que mais gosto, como se a pedir aplauso e aprovação para o meu atrevimento. Nem todos foram capazes de entender que aquilo não era um capricho material, mas sim a liberdade de herdar e cumprir um sonho antigo. 

Existem cabides destes na minha vida, na minha cabeça, e no meu coração. 
A capacidade de cumprir sonhos torna a vida mais interessante. Assim penso, assim sinto, assim vejo.  

O meu maior contentamento foi constatar que amigas minhas que se lembram da minha Mãe como eu, depressa entenderam a ligação. Quero isto dizer que valeu a pena. 
Agora resta-me vestir-me nele e dançar a vida. 

obs- Importante acrescentar que o mesmo é não é verdadeira pele de leopardo, nos dias que correm não seria possivel para mim, é uma imitação, sim, mas com dignidade e pinta. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Mar sem Desamar.

O Mar tem estado bravissimo.
Em turbulência constante e por isso ameaçadora.
Inquieto e imprevisivel.
Agitado sem dar tréguas.
Sem poder consigo próprio.
Sem controlo.
E ai de quem se atreva a enfrentá-lo.
Sai lesionado para sempre, seguramente.
Destruiu casas, e bares, e paredes e não parece ter medo de nada nem de ninguém. Tal é a sua zanga.
As leis da Natureza são para levar á letra. Respeito impõem-se.

É preciso que hajam tempestades para bonanças vindouras.
Inquieteção, para calmaria.
Desordem para a ordem.
Euforia para o sossego.

Estive no mar nestes ultimos dias.
Salvei-me com a minha propria boia, a nadar e a respirar contra a corrente.
Cheguei a terra e fiz-me gente.
Estive como o Mar, agora estou em Terra, apaziguada.
Em bonança, a descansar.
Talvez inspirado em mim, ou o contrário, o Mar também amainou.
Agora só cheira a maresia..e a Lua está contente. 





segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O ESPANTO DO ESPANTO.


Naqueles tempos a vida vestiu-se de espanto. 
Tempos que chegaram sem aviso, como um presente que prometia futuro. 
Os dias vividos assim foram de alegria e enorme encontro. 
Tudo estava no lugar, tudo simples, tudo digno, a par e passo. 
A vida embalada em Amor. 
Sem que o espanto se quebrasse, a realidade das coisas que não são essenciais, fez-se notar e plantou no caminho dos dias a confusão e o assombro. 
Os medos ocuparam lugar, sem medo. 
Instalaram-se como se deles fosse o direito de assim ficarem a perturbar os dias, pintaram-nos de cinzento. 
De vez em quando um arco iris deixava-se ver, para lembrar que a Vida continuava a ter cores. 
Que o espanto da primeira vez continuava ali, a querer permanecer. 
Mas já quase nada havia a fazer, porque a cegueira de um nevoeiro foi mais forte, com a força de uma teimosia, ou de um orgulho que se mascararam de defesa e ocuparam o caminho atancando-o de frente. 
Não há treguas, porque não há abertura. Não houve espaço para a ternura de um abraço. 
O Espanto ficou suspenso, está ali, continua ali, feito do milagre.
Somos feitos de nós e dos outros. 
Somos feitos de nós para a liberdade das escolhas. 
Estamos ligados. Em circulos viciados e virtuosos. 
Nesta matéria estamos de acordo. Mas é importante regular a acidez. Porque afinal, as melhores soluções são básicas e as piores nunca são neutras. 
Formulemos hipóteses, façamos experiências destemidas, tiremos conclusões para a escolha do caminho: 
Sais de prata ou entras de ouro? 
Bem vindo 2014. 
A força de um calendário para a soma de dias novos, pejados de espanto porque só assim vale a pena ver a vida e vivê-la. 
Um ano que quero de ouro. 

Eu já escolhi e tu? 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Os Milagres existem. 
Os Milagres existem com a força com que acreditamos neles. 
Não desistir é humano, faz parte da nossa essência, e essa força de acreditar sem fim, vem duma fonte inesgotável chamada AMOR. 
É por isso que é inesgotável, é por isso que não tem fim. 
O Amor é estar presente, numa gramática activa contagiante e multiplicadora. 

Neste caso em que espero um milagre, também sei que não estou sozinha á espera que ele se revele. 
A força de tanto querer, gera a força do ser. 
Estamos juntos, estamos ligados. 
Na ideia do Milagre, cabe toda a esperança do mundo. 

A crença num milagre implica entrega, e humildade. 
Acreditar que somos pequenos e frageis, perante um Céu Aberto, posiciona-nos para um canal possivel onde caberá tudo o que tem de ser. 
Entregamos e aceitamos, e, deixamos a vida respirar atentos: 
Aplaudir um milagre é dar sentido a tudo o que nos rodeia. 

Porque afinal, todos os dias em que acordamos, temos a prova dum milagre. 









quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O INSTANTE É INSTANTANÊO.



Existem na Vida Coisas Inadiáveis. 
Porque voam de um lugar para outro se não forem apanhadas.. 
Corre-se o risco de se perderem para sempre. 
É por isso mesmo que não se adiam, vivem-se. 
Uma borboleta é inadiável, o pingo de um gelado que cai ao chão é inadiável, um abraço no momento certo é inadiável, aquele olhar é inadiável, aquelas palavras eram inadiáveis…e isto são apenas alguns exemplos dos muitos que não se adiam. 
Existe o vento que leva o que não é usado. 
Somos feitos de instantes, como são as sensações que temos. 
A vida é feita disso também: de uma colecção de momentos que formatamos em cromos e guardamos para sempre num almanaque sempre nosso. 
O instante é agora. 

Aquele encontro não podia ser adiado, por isso perdeu-se. 
Pode ser que volte um outro, mas será diferente, por causa do tempo que passou. 
A cada instante os corações do mundo batem, por isso não se adiam. Batem. E alimentam-se do que olhos, as mãos, as bocas, e tudo o resto dão. É assim. 


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Vamos crescendo a dizer sims. Vamos crescendo com uma intenção muito clara: agradar aos outros. Dizer sim porque não se é capaz de dizer não, é uma garantia de que os outros vão gostar mais de nós.
Dizemos que sim, porque dizer não é um risco para o qual não temos certificado de garantia do amor alheio. E assim cheios de sims que ás vezes são nãos, vamos fazendo o caminho. 

Um dia crescemos mais, e percebemos que todos nós somos feitos de sims e de nãos, de vontades e desejos, de não vontades e de não desejos. O direito ao não é legitimo, é uma forma de dizer sim à fidelidade que temos de ter a nós próprios. Isto é obrigatário. 
É por isso que acredito que muitos nãos pela verdade que trazem, são sims. 

Se dizemos sim a tudo, mesmo contra a nossa vontade, vamos criar uma contabilidade injusta para nós e para os outros. A coragem de um NÃO tem lá dentro a liberdade de um SIM. 
Se assim não for, os sims passam a sinais amorfos, sem vida, porque não têm diferença. São tudo em sinal de igual. 

Sei que se digo um não ao meu filho,
este não firme e solido, representa a segurança de que não vale tudo, de que as coisas não sao mornas e são escolhas permanentes. 

As ilusões e as espectativas criam-se por vezes baseadas nestes nãos mascarados de sims que nos levam ao engano. Dizer não é um sinal de respeito pelo outro e por nós. 

Não é um desamor, é antes um amor mais verdadeiro. 





quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A verdade é só uma.

O TEMPO DA VERDADE, É TODO. 
Porque por ela vamos sempre a tempo. 
Este é também um dos descansos que a verdade tras, e dá. 
Para o absolutismo da verdade não há negociação possivel. Não há volta, é o que é. 
Encarar a vida de frente é uma responsabilidade de liberdade total, a nós de escolhermos essa versão, ou não. 
A verdade embora unica no que é, tem efeitos secundários, mesmo que pareçam primarios: 
Alegria, Desilusão, Choque, Compreensão. E aumenta para sempre uma relaçao, ou dimuinui-a para sempre também. 
É como uma relaçao com um espelho, direto sem filtros, sem nada esconder ou disfarçar. À flor da pele.Por isso arrepia. A vista é desarmada. É também por isto que a verdade vem ao sempre ao de cima. Acaba sempre por vir, porque sendo verdade tem a força por si só. 
Podemos escolher antecipá-la, programá-la pondo nela algum controlo na escolha. 
Correm-se riscos ás vezes nas verdades que se contam, mas tenho para mim que o maior risco é mentir á verdade. 
Com a verdade sabemos mais de nós, mais de nós em nós, e mais dos outros em nós. 
Prefiro o risco da verdade, que a garantia da duvida. 
É ver de perto o que se via ao longe. Como uma questão de fé. A verdade no caminho faz-nos melhores, e maiores. Deixa-nos dormir. Tira de nós os apertos. 
Contar a verdade, é fazer com que os outros contem mais connosco. E nós com eles. 



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Gisela João

Esta menina é gente grande. Canta que encanta e deixou-me rendida. 
Através dela percebi que o fado toca e arrepia, porque é impossivel, ou quase, ficar-se indiferente a uma Alma que tem o tamanho desta voz. 
Depois é tudo o que ela é, como é. Humilde e simples, de linguagem popular e directa onde não se escondem verdades. 
Sabendo o que sabe, não sabe onde chega. 
Traz-nos o fado de um modo tão vadio, tão normal, tão alegre e sentido, ou tão bonito quando é triste. 
Foi por isso que a fomos ouvir e ver. No Festival de Fado, o primeiro a acontecer em Lisboa, a Gisela abriu o palco Caixa, numa noite encomendada, sem vento e lua cheia. A todos tocou, a todos encantou, para nunca mais esquecer. 
Quem canta assim não tem medo do que sente, e por isso é muito gente. 
Mistura o vira das suas raizes com a guitarra portuguesa e leva-nos com ela numa história sua e que se faz nossa também. 
Obrigada Gisela. Continua assim sempre. 




sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mãe: é tudo.


Mãe, Querida Mãe Nossa. 



Existem coisas na vida que sabemos que são para sempre. 
São para sempre, porque de sempre foram. 
A nossa Mãe é isso. 
É o presente sempre. É constante. É existir inteira, a falar com os olhos, a sentir-nos em todos os segundos com o bater do coração.
Querida Mãe, hoje é dia de festa. 
São 70 as primaveras que lhe cantamos a agradecer a sua vida em nós, 
a agradecer existirmos assim em si. 

São todas as viagens que fizémos de carro a cantar. 
São todos os ataques de riso e gozo que tivémos.
São todos os abraços que damos.
São todos os beijos que recebemos. 
São todos os golpes e caprichos que nos aparou. 
São todas as historias que nos contou. 
São todos os verões em S.Martinho e no Algarve que vivemos.
São todos os cozinhados que nos dedicou.
São todas as palavras que trocámos.
São todas as noites dormidas agarrados a si. 
São as musicas do Chico Buarque, (e todas as outras...)
São os dias todos que vivemos. 
São o amor em estado liso e puro que nos sabemos.

Mãe, obrigada por nos emoldurar sempre nos seus braços.
Parabéns Querida Mãe pelo exemplo.
Parabéns pela sua e nossa vida, tão cheia.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

I LIKE YOU.




QUANDO OS NÃOS VIRAM SIMS, FOI QUASE SEMPRE PORQUE OUSÁMOS. 

Rebobino, logo: existo


Eu rebobino, num tempo do verbo presente, que fala de outros tempos de verbos, em gramáticas da vida que trazem momentos e historias para contar, e dar, e entregar. 
Assim existo desde que o botão do play se fez anunciar, com caminho pela frente, com sonhos a virarem realidades, com projectos que me cairam nas mãos para costurar, emoldurar e enfeitar. 
Tenho sorte. Sei que tenho. 
Tenho sorte nas pessoas certas, nas horas certas, que me dão as suas mãos, a sua arte, as suas ideias, o seu tempo, a sua dedicação. 
Boleia boa da vida, é o que é. 
Faço  declarada e descaradamente o que gosto, faço o que sinto, e sinto o que faço, não há melhor guião do que este para levar os dias. 
Rebobino logo existo. 
A todos os meus meninos criativos da edição, da imagem, do video, da musica, do grafismo, do som, e das palavras, agradeço do fundo do coração. 
Somos francamente melhores, se não estivermos sózinhos. 
A vida conta-se assim também. 











sábado, 25 de maio de 2013

A Tempo do Compasso, eu espero.



Deve ser por causa disto. 

Deve ser por esta imagem que habita a minha memória em tempo que já não sei. 
Esta fotografia dos meus pais foi tirada numa festa em que para não variar se mascararam a rigor. 
Bonnie&Clyde. 



Um dia, num qualquer Domingo de agora, e porque o sol se deixou ver, fui ao Jardim da Estrela. 

Adormeço debaixo de uma árvore, e acordo ao som de uma musica que parecia não sair do sonho. 
Era o Coreto.Ali se dançava imparávelmente. 
Percebia-se que sabiam o que faziam. Sabiam como dançavam a encantar os olhares de quem os via. 
Fiquei a saber que queria dançar assim um dia. Com todas as inseguranças que nos povoam para o desconhecido, fui. Tenho pressa que o tempo me dê o compasso certo. 
Mas respiro a saber que um dia talvez possa voar nessa dança.
Posso dizer que o meu fascinio vem daqui:
em 1980 fui aluna de sapateado numa escola de circo no bairro alto. 
O Mestre Mariano era o professor, tinha aprendido a dançar de tanto ver o Fred Astaire na televisão. 
Um homem que nunca mais vou esquecer. 

Depois tem outra coisa. É a estética da época. 

Os anos 20  e 30 são os meus. 
Gosto de tudo o que imagino se vivesse nesse tempo. Gosto da luz, dos cheiros, das boquilhas, da musica, das perolas, dos sapatos, das plumas, das vozes, dos olhares, da musica, das boinas, dos chapéus, do brilho mate em que se vivia...

O LindyHop faz-me viajar num sonho afinal possivel.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

AS SAUDADES NÃO TÊM PRAZO.


Olá Pai. Hoje é dia de festa. São 80 anos. 
Acordei a imaginar o que seria festejá-lo hoje neste dia em que o Sol se deixou ver. 
Iriamos juntar toda a familia, todos os seus amigos, regávamos a festa com vinho e enchiamos balões, o banquete seria digno e farto, e a musica tambem não iria faltar. 
Na minha fé por vezes duvidosa e vacilante, consigo pelo menos hoje, acreditar que nestes moldes a festa seja assim aonde quer que esteja. 

As saudades não têm prazo para o tamanho de que são feitas, e se todos os dias o penso, hoje ainda o faço com mais força, e mais aperto. 
Percebi ao longo destes anos, que já não são poucos, que as pessoas que gostamos verdadeiramente, continuam connosco enquanto nos lembrármos delas, e é verdade que assim o vivo nos meus dias. 

Os seus netos sabem de si, e conhecem-no pelas tantas historias e exemplos que ouvem dos outros e de nós. E de facto é impressionante os apontamentos que temos das mais variadas pessoas a falarem de si, por esta ou aquela razão...tanta coisa aqui nos leva a si. 
Não pode haver melhor forma do que esta para se ter vivido. 
A sua vida foi tão cheia e tão preenchida com tantas cores,direcções,emoções e interesses que dava um filme...
E vai dar!

Outro dia numa missa o Pe Vasco Pinto Magalhaes que invariavelmente estava iluminado, dizia que o significado da palavra Obrigado era Estar Ligado. Como pode imaginar agarrei-me a esta verdade tão verdadeira e dela me apropriei pelo sentido que me faz. 
Obrigada Pai por nos ser assim, e por tudo e por tanto que nos deu e dá.
Estamos ligados, sim.

Parabéns pela vida que se fez tão plena e tão confessada. 
Um beijo sem fim 
Catarina

domingo, 14 de outubro de 2012

Janis Dellarte Brilhou e Encantou.


Conheço a Maria Ana desde pequena. 
Fui acompanhando o seu percurso, nem muito de perto nem de muito longe. 
A Maria Ana seguiu o seu caminho para Londres com a promessa de se cumprir. 
E cumpriu. 
Foi reconhecida e convidada para apresentar uma instalação no Mude na semana da Moda Lisboa. 
Um sucesso. 
A adesão foi total: era ver os jornalistas e amigos, familia e desconhecidos a curtirem a sua obra digna de registo. 
Eu filmei como pude no meu iphone. A agradeço ter ido graças ao meu irmão Vasco que me facilitou e convenceu a meter-me num taxi para o Chiado naquela 6 feira. 
Ainda bem que fui. Ninguém tira de mim aquele momento. Ao meu lado estava a Ana mãe, emocionada, a vibrar com o brilho da sua filha. E eu estava lá para tudo ver e ouvir. 
O brilho dos outros tambem é nosso. 
A musica era brutal cantada com a alma e o coraçao na mão pela voz da mexicana Chavela Vargas "Amar Duele"....Os modelos em carne e osso escolhidos a dedo a fazerem par com os tecidos e mochilas/sacos que transportavam de uma forma muito curtida. Meio tribal, rastas, sossegados e serios. 
Adorei. 
A Maria Ana não sabia se calhar que podia brilhar assim. 
Que este dia lhe sirva para um caminho de inspiração e humildade.
Ficava por dizer a extravagancia coerente da coisa, baseado nas suas musas que são nem mais nem menos que Frida Khalo, Janis Joplin e Cruella Devil...
Tudo isto me encantou. Fica escrito. 

sábado, 13 de outubro de 2012

Rio que se rende aos nossos pés



A PAISAGEM NÃO TEM DONO



Há paisagens que são de todos. 
Estão ali á mão de ver e viver, sempre paradas, nunca iguais, á nossa espera. 
É a forma que tem o mundo de se dar a nós que nele andamos, ás vezes tão apressados que nem nos damos conta. 
O rio nestes dias tem sido meu, nos meus andares, no meu respirar, na minha vontade de me sentir melhor. 
Parece que o vejo sempre como se fosse a primeira vez. 
É meu, é vosso, é nosso, é de todos, porque afinal não é de ninguém.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lisboa nos Braços e nos Abraços

HOJE NO RIO

O Rio está muito perto de nós.

É por isso que também que me convida a ir sempre que posso andar ao longo da sua margem para a frente e para trás.
Hoje havia um grande paquete a aproximar-se do porto de Lisboa, trazia pessoas com sonhos lá dentro.
Sonhos que Lisboa vai cumprir na sua beleza e luz.
É isso que gosto de imaginar: as expectativas dos estrangeiros que nos visitam e a conferencia das mesmas. Lisboa confere aos meus olhos. É mais bonita do que se pensa. É mais bonita do que se espera.
E quem a Vê pela primeira vez encanta-se e nunca mais esquece. Há lugares assim no mundo. 

No meio da minha caminhada convicta, observo o que se me depara pela frente. Era uma senhora tambem de fato treino como eu a acenar com os dois braços qual codigo morse para o paquete, talvez com a ilusão que alguém a visse de um camarote e acenasse de volta. Depois um casal mais a frente a fazer a mesma coisa. 

As pessoas são boas, são abertas e abrem os braços para quem chega de novo, é como se cada um de nós fosse anfitrião da cidade, que é nossa e de todos os outros  que a queiram visitar para nunca mais esquecerem o que viram, o que sentiram.

A Lisboa rendida me sinto.





sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O tempo do degrau atrás.


- Mãe, o passado o que é que interessa? O passado ja passou mesmo agora. 
  Está a ver, subimos as escadas e aquele degrau já é para trás por isso já é passado. Só interessa o agora 
  que é este degrau que estamos a subir, e os outros que ainda temos á frente. Não acha mãe? isto dos          
  degraus é para a Mãe perceber a historia do tempo.  

Eu que estava perplexa com esta conversa ia respondendo que sim....mas para concluir disse: 

- Duarte, o tempo é das unicas certezas que temos, é que ele está sempre a acontecer, e ainda bem. 
  Não podemos parar, a vida é andar para a frente. 



Não me lembro de lhe ter contado historias de fadas...até porque ele é rapaz. Mas sei que lhe disse muitas vezes que o mundo pode ter as cores que ele quizer. E sim á noite li-lhe os livros todos da Sophia...



40'S TORNA-NOS MAIS FORTES!

Nota de cabeçalho: 
A minha prima Rita fez ontem 40 anos. E porque gosto muito dela escrevi-lhe. Aqui fica.



Minha Querida Ritinha, 

Hoje é voçê. Hoje é o seu dia. Dia Grande. 
A vida para mim começou de certa forma aos 40. Saber o que sei hoje pelo preço do tempo que passa é não querer mesmo voltar para trás. 
Sei muito mais de mim como pessoa, sou mais eu, nas formas, nas palavras, nas atitudes, no assumir da vida. 
Perdi alguns medos, porque ganhei segurança. Aos 40 percebi que em tanta coisa o comando é nosso, percebi que sou livre para me ser em fidelidade, e quanto mais me sou mais respeito os outros na tolerancia das suas diferenças. É um caminho que se reabre na confirmação de nós, como se agora fosse mesmo para viver em pleno sem nada mais ter de provar de especial. 
Minha querida, continue a agarrar a vida como até aqui. A semear para colher sem nunca desistir. 
Voçê é uma ancora para nós que a temos por perto. 
Admiro-a muito nas suas convicções, nos principios e valores que em tanta coerencia e verdade leva e soma os seus dias. 
Esta viagem que a vida nos dá é uma maravilha, e os seus mistérios são para serem questionados só assim nos tornamos mais humanos porque mais pequenos também. Faz parte.
Existe o verbo ENTREGAR, o verbo Entregar pede isso mesmo: Entregar a uma maior dimensão aquilo que nos alegra e entristece. É um alivio usar este verbo! 
E, por isso minha querida Ritinha, aceite-se no que me menos gosta em si e ria-se. 
A vida aos 40 é também isso, não nos levarmos tão a sério, sabendo o que já sabemos de nós e sempre na contabilidade mais importante que é sentirmo-nos bem na nossa pele. 
Muitos Parabéns. Tudo de bom para si.
Um beijo grande desta sua prima que a adora
C

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O CINEMA QUE FOI PARAISO

O Cinema em S.Martinho era um acontecimento. 
Era a esperança de um programa á noite excitante onde podiam acontecer emoções. Porque era pequeno e controlado, e toda a gente se conhecia era-nos permitido ir. 
Então as minhas primas e eu faziamos toillete para ir ao cinema. 
Tinha cadeiras de pau arrumadas ordenadamente e um cheiro tipico a antigo, misturado com pevides. 
Era uma especie de Cinema Paraiso: pelo rudimentar das ferramentas que davam as tão esperadas imagens e os tãos inesperados sons. 
Era o Cinema Paraiso porque no seu exisitir prometia ilusões e vendia sonhos. 
Caia o pano e levantava o pano. Por trás da janelinha de onde saia um foco de luz havia mistérios, a bobine rodava e ouvia-se paralela á voz eterna da Elizabeth Taylor, mas nós descontávamos, contentes que estavamos com o coração aos pulos. 
Chamava-se  CINEMA SONORO para marcar bem a sua evolução fazendo juz ao nome, dos outros filmes mudos que ja tinham passado de moda. 
O Cinema foi destruido. Talvez para dar lugar a mais um prédio de apartamentos igual a tantos outros. 
Fica na minha memória para sempre. 

"encontrei isto...era a senha de saida para qualquer entrada sem data marcada. Cinema Sonoro talvez para marcar bem que os filmes tinham som contrariando os filmes mudos da epoca anterior...querido Cinema Paraiso!"