"...e no desembarcar, há aves, flores, onde era só de longe a abstracta linha..."
gosto dos desembarques: das chegadas aos destinos.
das surpresas feitas de coisas que estavamos longe de esperar encontrar.
das não surpresas feitas de coisas que já sabiamos lá estarem, como imparáveis, ás ordens dum novo regresso.
dos abraços que se dão a tentar matar saudades.
de sentir a vida respirar inteira dentro de nós.
de ver de perto o que não viamos ao longe.
de observar o horizonte do outro lado, sabendo-o sempre como consolo, na abstração da sua linha.
da finitude das coisas, pela sua exactidão.
da praia estar lá sempre igual, ou desigual, mas á nossa espera.
do cheiro da esteva e alecrim que vivem o passar das estações.
do mercado da vila, com os legumes e frutas directos da horta, a cheirarem ao que são.
do enorme manjericão que ela me deu no vaso, para que eu cuidasse dele, com o meu tempo, na minha terra.
dos caminhos de terra e dos fardos de palha alinhados, como se fossem esculturas.
daquele sobreiro lindo que jamais envelhece de tão velho, onde se suspende a rede de madeira.
de ti, e nós ali, naquele lugar onde a magia está sempre, seja qual for o dia do desembarque...
embarcamos, para voltar sempre, ao lugar da nossa casa.
1 comentário:
Parabéns Catarina! Gostei muito de desembarcar neste seu embarque. Beijinho.
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