Há lugares que nos fazem voltar sempre ao mesmo sitio, dentro de nós.
É como se fosse sempre a primeira vez, na descoberta confirmada das sensações que se revelam no verbo espantar.
Sempre que ali volto, percebo mais e mais, porque gosto tanto.
E talvez por isso de cada vez que sei que vou voltar, tudo em mim se prepara abertamente, para o que vou receber. Quando revejo a paisagem, que já é antiga em mim, no álbum de fotografias interno, surpreende-me a euforia, revelada em agradecimento que silenciosamente faço, pela beleza das coisas que se mostram a nós tão gratuitas, apenas porque existem assim.
O espanto hidrata, por via dos sentidos.
Sinto-me viva, muito acordada naquela praia, naquele Alentejo que sempre confere, com a expectativa que levo sem medo. Aberta ao que sei, vou como num sonho. Volto sonhada, cheia e hidratada. Até que o tempo e as obrigações, me dêem tempo para outra vez voltar.
Os sonhos, da realidade, são terras prometidas para cultivar desejos à mão de semear.
As sementes são então desejos com certificado de garantia.
Há momentos, paisagens, pessoas, cheiros, sons, e cores, que juro eternos, porque se reflectem em mim, e perpetuam-se sem fim. Através deles sinto vida para sempre.
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