Está mais do que provado que o coração se oferece.
Voluntariar: É dar e voltar a dar, recebendo no que se dá.
Tinha um mês de ferias sem destino.
Olhava para o mapa do mundo buscando inspiração magnética.
Um dia chegou ao pé de mim: Vou para a India, disse-me.
Partiu esta semana. Meteu-se num avião rumo á India- Calcutá.
Foi daqui para lá, dar o seu tempo, as suas mãos, o seu coração, a sua alegria, a sua ternura. Tudo gratuito.
Dar de si, do que vem de lá de dentro.
Efeito multiplicador: numa equação lógica de que quanto mais se dá mais se recebe, só por se dar assim, a quem não se conhece, a quem nunca se viu, mas que precisa.
E isso basta.
Partiu no incerto:
- Posso ter de fazer tudo, dizia-me: tratar de doentes, dar de comer, consolar quem está perdido, olhar nos olhos pelo alento, tocar e abraçar, dignificar o sofrimento alheio com alegria.
Dizia-lhe eu: olha bem para os olhos deles. Têm mesmo a alma espelhada.
Pedem tudo sem pedir, sem nada lhes ser devido, respeitando a tua capacidade e agradecendo na mesma.
Existe naquele povo uma liberdade muito grande. Porque existe na enorme miséria, em que tropeçamos constantemente, a noção de que a vida por si só é uma dádiva.
O respeito é a palavra de ordem neste país. Aceitação da vida como ela é. Numa humildade exemplar. Com uma espiritualidade que é a razão de todos os corações. E esperança lá dentro, que um dia na soma de todos os outros, as coisas vão ficar melhores.
Não vais voltar o mesmo. E ainda bem. E, eu fico a gostar ainda mais de ti.
Liçoes de vida aprendidas, liçoes de vida que nos caiem aos pés.
Cada viagem desejada é um coração (ou mais) que vai para o saco.
Um dia regressa-se com excesso de bagagem. Sem taxas.
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