sábado, 28 de maio de 2011

ARCO IRIS

Olhamos, perguntamos, procuramos, mas nada parece ser mais importante que a cor dos olhos. 
São os olhos que dizem tudo.


A expressão de um olhar tem em si a possibilidade de todas as palavras do mundo, e mesmo assim não chegam por vezes,  para descrever um olhar. 


Os olhares quando do fundo,  trocam-se na mesma medida. Só assim podem comunicar justa e encontradamente. 
Mas não é fácil ás vezes assumir o silencio que pede um olhar  de segundos, que no entanto pode ser eterno.
"Fui ao ver-te, tudo o que vi" escreve alguém que admiro pela posse das palavras que me dá a ler,  e a reter. 
Num olhar de segundos, trocado, cruzado, igualado, o mundo pára estanque, como se nada mais existisse do que esse momento. Tudo o que se vê nesse tempo, são os olhos do outro espelhando a alma. 
É talvez por isso que todas as palavras não cheguem, porque, como se descreve afinal a sensibilidade da alma? São os olhos mesmo, o espelho da alma? São. Todos sabemos que sim, mesmo que por vezes tentemos escapar a essa radiografia, dizendo palavras soltas, impensadas ou pensadas, para não comprometer a soltura da alma. 
Os olhares vêm com legendas. 
Contam que o coração bate, que a alegria é imensa, ou que a tristeza também. 
Ontem num instante apareceu-me um arco íris, estava como suspenso na minha janela. 
Foi a exactidão do momento. Foram os olhos de Deus ali, em mim. Os olhos de Deus têm todas as cores, por isso eu soube.
Olhos de surpresa e alegria tive eu seguramente pelo espanto do momento. Era sim a minha alma a registar. Para sempre. Agradecendo. 
Nesse instante foi tudo o que vi, foi tudo o que senti.

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