Coisas que nem por isso melhoram, mesmo que mudem.
O meu bairro é um bairro antigo de Lisboa.
A condizer com isso preserva ainda algumas lojinhas que me lembro desde que de me lembro de mim.
A drogaria do Sr. Fernando era um icon da Rua da Lapa.
Chão de azulejos, balcão em madeira com desenhos arte nova, estrutura de prateleiras bem desenhadas com gavetas em baixo que guardavam mistérios.
A vida do Sr. Fernado foi esta drogaria, sempre sempre igual de bata branca e oculos, era um homem muito digno, serio e trabalhador que fidelizava clientes, que arranjava sempre forma de tudo encontrar consoante as necessidades e caprichos dos seus clientes.
Vendia ganchos, elastico e bandeletes, sonasol, fio de cisal, agua rás, e pedra pomes, vassouras e detergentes, tintas e cera da abelha..
Um dia contava com 90 e muitos anos fechou a porta e deixou em mim a memória e o exemplo de uma vida entregue.
Durante muitos meses ao passar na fachada encarnada com portas de ferro da drogaria, perguntava-me o que iria acontecer áquele lugar. Num sábado de manhã deparo-me com a loja aberta. A drogaria da minha vida estava transformada numa merceearia manhosa dum chinês. Fiquei em choque, entrei revi a matéria e tudo tinha sido transformado: o chão, os armários, as gavetas misteriosas, os produtos, o balcão... tudo se tinha eclipsado. Tudo estava transformado numa outra coisa muito diferente e em nada melhor.
O mundo está diferente.
O mundo virou uma aldeia global como dizem no anuncio.
O mundo virou uma aldeia global como dizem no anuncio.
Tem vantagens claro que sim, mas não vale tudo.
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