domingo, 16 de agosto de 2009

Quase...Luiz Fernando Veríssimo
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que lanejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

2 comentários:

starman disse...

Coisa que me intriga faz tempo: os intelectuais debruçam-se e pensam sobre sobre a vida, deles e nossa, por experiências tidas, adquiridas ou imaginadas e cerebrais? Por qualquer lado, aqui o LFV - não confundir o Veríssimo com o Vieira, presidente do SLB - tem uma parte meio interessante, aquela em que se questiona, contestando. Depois, um LFV quase cínico, "vendendo" uma cartilha reguladora de comportamentos emocionais, sentimentais e outros, num estilo "marxista-leninista" orientador e de auto-ajuda. Na verdade, pergunto-me que abraços frouxos deu e recebeu, que sorrisos frios lhe foram endereçados para a partir deles, com um certo nihilismo de afectos, estabelecer condutas, indicando infalíveis "técnicas", de aproximação à pista da "felicidade". Tudo num pacote de poucos e curtos parágrafos. Fácil, é, ao que parece, chegar a um ponto qualquer de realização a todos os níveis. Basta, para isso, seguir o receituário de Luíz Fernando. Seremos todos iguais, serão todas as vidas semelhantes e todos os momentos, em vez de únicos e, portanto, diversos, passíveis de generalizações? Por vezes pensar e escrever bem, ou muito bem, não é suficiente para (co)mandar a Humanidade.

Em todo o caso, e porque se é vero, veríssimo, que o sonho comanda a vida, fica uma de Mark Twain:

"Nada fui do que sonhei mas sonhei"

Sarah Westphal disse...

Oi,
Fiquei muito feliz ao encontrar o texto Quase nas suas postagens, porém queria avisá-la que o Quase não foi escrito por LFV, mas por mim. Se você procurar pelo meu nome no google, vai encontrar alguns sites que explicam toda a história.

O seu amigo tem razão ao contestar o estilo auto ajuda do meu texto, mas se engana ao pensar que a intenção seria padronizar os comportamentos e formular uma cartilha de "técnicas infalíveis". O Quase é uma folha do meu caderno, baseado exclusivamente nas minhas experiências e buscando uma saída para a minha própria vida.

Fico contente ao pensar que as pessoas se identificaram com o que eu escrevi, mas imagino que isso tenha acontecido justo porque cada um interpreta à sua maneira.

Qualquer dúvida, entre em contato...
Um beijão,
Sarah Westphal

www.papelbaunilha.blogspot.com